quarta-feira, 18 de maio de 2011

Comentário de emigrante que vê Portugal de fora

Passo a publicar comentário de alguém que está na Suécia, tendo emigrado do nosso mui nobre mas decadente país:

Bruno Martins , Stockholm | 17/05/11 19:58


Curioso como os portugueses tanto se queixam e depois elegem os mesmos de sempre perante a passividade de meio mundo abstencionista. Queixam-se dos partidos pequenos, sobretudo os da esquerda, mas se eles não andassem sempre a fazer barulho e não houvesse sindicatos decrépitos mas ainda actuantes, nós (pessoas, não o país) não estávamos mal, estávamos em coma profundo como impostos atrás de impostos e fim de benefícios sociais em catadupa. Assim eles vão caindo lentamente porque esses partidos não têm força para mais. Como este povo é medroso (tem medo de votar em partidos ditos "radicais") ou então é passivo, a receita não muda e até se aumenta a dose. Pois bem, com o FMI teremos finalmente aquilo que o povo português sempre desejou secretamente, especialmente os que dizem à boca cheia que o Salazar é que fazia falta. Por mim, tanto se me dá que Portugal caia na bancarrota como seja anexado por Espanha e os Açores e Madeira para os EUA. Já saí desse país há muito tempo para me preocupar com uma terra cada vez mais pejada de pinheiros e eucaliptos. Mas irrita-me ver um aglomerado como não há outro no mundo de tanta gente irresponsável e ignorante. Irrita-me porque isso me fez sair de um país de que gostava, e a quase toda a minha família. Agora estou bem na Suécia, país a sério onde o povo é culto e decide mesmo. Mas imagino a angústia do meu avô que lutou por um país melhor para ver o povo que quis libertar entregar o ouro aos bandidos. Imagino a desilusão de quem luta para mudar o país para ouvir leviandades como «eles são todos iguais!» Pois é, amigos, isso é a conversa daqueles que estando no poder preferem que os descontentes deixem de votar a darem o seu apoio a partidos com coragem. Coragem que falta a esse povo triste e fadado para a servidão. Quando o meu avô morrer nada mais me ligará a esse naco de terra, a essa pátria da ingratidão e pobreza espiritual. Talvez então nunca mais me digne comentar ou sequer procurar notícias do meu país. Nessa hora o vento calará a desgraça de vez para que eu passe a sentir-me definitivamente sueco de corpo e alma e possa, como os suecos, olhar com pena para um povo miserável, mas apenas isso, a mesma pena que se tem pelo Bangladesh ou pela Etiópia.

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